Na vida, não estamos isentos de passarmos por várias provações, tais como: desprezo, escassez, perseguições, doenças, portas fechadas. Há dois tipos de provações: as provações externas e as internas. Quando passamos pelas provações na esfera externa, temos a tendência de buscarmos a Deus e clamarmos por socorro através de jejuns, orações, vigílias, então corremos para Deus. Nos humilhamos diante das provas, a fim de nos vermos livres dela. A provação de Jó o levou a uma circunstância tragicamente desconfortante, ele perdeu filhos e toda a sua riqueza, para reconhecer sua impotência diante de sua vida solapada pelas adversidades. Este tipo de prova vem subtraindo tudo o que possuímos na dimensão externa de nossa existência, deixando-nos debilitados a ponto de não termos outra saída: buscarmos a Deus. Esta provação é chamada de "provação circunstâncial". Quando passamos pelo caminho da prova externa, dependemos mais de Deus e a fragilidade é visível diante dos sofrimentos. Mas há um outro tipo de provação e a bíblia diz que: "O crisol é para a prata, e o forno para o ouro, mas o homem é provado pelos louvores que recebe." (Pv 27.21) Acredito, esta ser a maior provação do ser humano: o louvor recebido por alguma realização de sucesso. Neste instante acontece a provação interna e ela mexe com quem somos por dentro, nossos valores, competências e habilidades, ela toca as fontes da vida: o nosso coração. Quando somos elogiados, pensamos não termos limitações e nos vemos como semi-deuses. Esperamos reconhecimentos e queremos ser colocados em um pedestal a fim de sermos vistos e aplaudidos. A grande prova do ser humano não é a desventura, mas uma vida de sucesso projetada com elogios viciadores, que enaltece o homem pó, nada mais que pó. Quando somos elogiados, precisamos correr imediatamente para Deus e a dependermos mais dele, a fim de não abrigarmos o louvor a nós oferecido no coração e a pensarmos sobre nós além do que realmente somos. Este é o fio de prata da vida: a provação através do louvor. O louvores feitos a nós e recebidos, nos enganam e nos deixam embebecidos diante do glamour do sucesso, então nos tornamos recebedores daquilo que não nascemos jamais para obter. Seremos reprovados na "prova interna" se nos afastarmos da dependência de Deus, e longe da segurança do Senhor Jesus, seremos acometidos da síndrome de Lucífer, da auto-suficiência e do orgulho. Sem a dependência de Deus, não teremos equilíbrio interior, então o orgulho crescerá, dando lugar a altivez, que uma vez erguida e estabelecida em nosso coração, precederá a queda.
Lécia Mendonça